Efeitos do ensino do comportamento verbal para pessoas com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática

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Um dos domínios de sintomas centrais do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o déficit de comunicação, que pode se apresentar de diversas formas. Objetivo: Analisar os efeitos do ensino do comportamento verbal em pessoas com TEA. Método: Revisão sistemática da literatura por meio de buscas nas bases de dados Scielo, Lilacs e Pubmed, utilizando os seguintes descritores: “transtorno do espectro autista”; “comportamento verbal” e “ensino”, bem como seus descritores na língua inglesa. Foram selecionados estudos publicados entre 2014 e 2019, com dados que atendiam à temática estabelecida em português, espanhol e inglês. Resultados: A pesquisa resultou em sete artigos. O operante verbal mais frequente foi o mando, seguido pelo intraverbal e o ecóico. O ensino de comportamento verbal apresentou efeitos positivos. No mando, ocasionou a redução da ocorrência de comportamentos-problema, auxiliando em uma interação social bem-sucedida e contribuindo para um controle social e imediato sobre o ambiente. O ecoico foi apontado como o operante verbal que desempenha papel fundamental no ensino de outros comportamentos verbais. O intraverbal é importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas. A limitação dos resultados consiste em não apresentar estudos referentes a todos os operantes verbais, contemplando apenas três, assim como o intervalo de ano de publicação analisado. Conclusão: O ensino dos operantes verbais é importante para um melhor desempenho e desenvolvimento da comunicação funcional de pessoas com autismo, refletindo também em aspectos sociais, acadêmicos e no brincar, além da contribuição para a redução das chances de ocorrência de comportamentos disruptivos.

Introdução

De acordo com o DSM-5, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dois domínios de sintomas centrais, sendo: déficits de interação social e comunicação, bem como comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos1.

De acordo com os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), há uma estimativa de que 1 a cada 54 crianças tem o diagnóstico de TEA nos Estados Unidos2. No que concerne à estimativa de casos de TEA no Brasil, é notória a grande escassez de estudos na área, bem como, a ausência de dados que permitam estimar
sua atual incidência3.

Quanto às características, a pessoa com TEA pode apresentar prejuízos na reciprocidade social-emocional, ou seja, dificuldade em partilhar e reconhecer sentimentos e pensamentos, além de déficits nas habilidades de iniciar e manter interações sociais, fato este que pode estar relacionado a um desinteresse pelo outro, ou até mesmo, a formas
inadequadas de iniciar interações. Estas tentativas inadequadas de contato também estão relacionadas a respostas de comunicação, tanto verbal como não verbal4.

A comunicação é, sem dúvidas, uma ferramenta de suma importância para a construção e fortalecimento das relações sociais. Tendo em vista que é por meio dela que é possível compreender as pessoas, objetos e eventos e relacionar-se com tudo5.

A comunicação é um mecanismo complexo, a qual contribui para o fortalecimento de relações sociais, como dito anteriormente, mas também depende dessas relações sociais para o seu desenvolvimento. Assim, para crianças com TEA, a comunicação é um desafio5. Embora os comprometimentos relacionados ao déficit de comunicação variem amplamente entre as pessoas, é possível afirmar que esses comprometimentos estão relacionados à semântica e pragmática5. É comum ocorrer dificuldades em realizar pedidos, expressar necessidades, nomear e descrever objetos, realizar e responder perguntas e sustentar diálogos. Estes fatos podem desencadear, por exemplo, comportamentos-problema (choro, grito, jogar-se no chão, autoagressão, heteroagressão, entre outros), influenciando na integração do indivíduo em seu ambiente social e acadêmico6.

Para a Análise do Comportamento Aplicada, a linguagem é considerada um comportamento operante, e Skinner, em suas obras, referiu-se aos tipos de comportamentos comunicativos como comportamento verbal6.

Na comunicação há diferentes comportamentos que são produzidos em diversos contextos, os quais foram denominados operantes verbais. Os operantes verbais são classificados com base nos seus antecedentes e suas consequências: mando, ecoico, tato, intraverbal, textual e transcrição7.

O mando é definido como uma resposta verbal utilizada para pedir itens, informações, dar instruções, ordens e conselhos; o ecoico consiste na repetição de palavras ditas pelo outro; o tato é a nomeação de itens; o intraverbal é o operante responsável pelas respostas e realização de comentários; o textual consiste na leitura de palavras escrita; e, por fim, a transcrição é a escrita de palavras ditas pelo outro6.

A comunicação tem sido objeto de muitos estudos sobre o desenvolvimento de pessoas com TEA. O déficit presente nessa área está associado a dificuldades em outros segmentos da vida do sujeito. Sendo assim, a aprendizagem de uma comunicação funcional repercutirá, dentre outros aspectos, na compreensão, nas respostas aos estímulos
de forma geral, sejam verbais ou não verbais, e na relação social, sendo esta última importante para o surgimento de outras aprendizagens8.

Justifica-se a relevância da presente pesquisa, pois a comunicação sendo uma das bases de comprometimento do TEA e estando relacionada a diversas áreas da vida do sujeito, é de suma importância compreender os impactos do ensino da comunicação funcional, sob o viés da Análise do Comportamento.

Diante do que foi descrito anteriormente, busca-se, neste estudo, analisar os efeitos do ensino do comportamento verbal em pessoas com TEA.

Elisa Maria Santos Balbino*
Maria Fabiana de Lima Santos Lisboa*
Nadjane Carla Salustiano de Oliveira*
Madson Alan Maximiano-Barreto**


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